O início geralmente é bastante tumultuado para quem começa na cartomancia. Seja porque esta pessoa descobriu que possuía o dom, seja por curiosidade ou seja porque ela simplesmente colocou na cabeça que ia aprender a jogar cartas, o começo não é coisa muito fácil.
Não é à toa que a grande maioria das pessoas que começam a aprender a cartomancia não evolui muito ou desiste logo no começo. Isto porque jogar as cartas, ou praticar a cartomancia, não é coisa fácil e exige muito treino e dedicação. Mas é também muito prazeroso e recompensador para quem resolve encarar o desafio da forma correta.
Quando tudo começa?
Quando a pessoa tem uma vocação natural para a cartomancia já é possível notar desde quando muito criança. Já é possível notar a inclinação para este trabalho em crianças com 4, 5 ou 6 anos. Mas esta é ainda, sem dúvida nenhuma, uma idade demasiadamente precoce para se fazer qualquer coisa nesse sentido.
Aliás não é de fato recomendado que se ensine crianças tão novas ou que se desenvolva sua intuição pois, nesta fase, a criança ainda não tem o dicernimento para separar a realidade do mundo físico da realidade do mundo espiritual e pode ter o seu desenvolvimento comprometido.
Além disso, quando se desenvolve a intuição nessa idade, a criança pode perder completamente a sua capacidade de concentração no mundo físico por conectar-se fácil demais ao mundo espiritual. É fácil concluir isso se pensarmos que a criança desta idade ainda está fazendo o processo contrário, ou seja, ainda está adquirindo e assimilando o mundo físico.
De qualquer forma, a manifestação nesta idade é de fato muito leve, quase imperceptível, pois os Guias que irão trabalhar com esta criança certamente não irão apressar as coisas e comprometer todo o desenvolvimento de seu futuro médium. A manifestação que é muito leve só vai passar uma mensagem para os seus pais, a mensagem de que há uma criança com um dom especial ali.
Crianças com 13 ou 14 anos, por outro lado, já podem começar a se aventurar com o aprendizado das cartas. De fato, com esta idade, os sentidos para o mundo espiritual e a mediunidade aumentam razoavelmente, e as cartas começam a responder com significados que passam a fazer sentido.
Nesta fase, aliás, as cartas respondem com significados simplificados, propiciando uma leitura mais leve e com menos variações ou margens à interpretações, e também mais amenos, ou seja, apresentando a realidade mas de forma mais abrandada.
O jovem que joga cartas pode então desenvolver-se na cartomancia enquanto desenvolve sua própria maturidade como pessoa. Com o passar do tempo as cartas vão adquirindo significados mais complexos, variados e não amenizados, mais realistas, à medida em que a pessoa torna-se mais madura.
Mas começar cedo não é uma condição obrigatória para se tornar um bom cartomante. Pessoas na fase adulta também podem aprender, estudando e praticando a cartomancia, de forma a recuperar por assim dizer o tempo perdido. Talvez não seja tão intuitivo, como quando a criança aprende a falar com seus pais, mas é possível, como uma pessoa que aprende a falar um segundo idioma.
Como proceder no começo?
O primeiro passo e o mais importante é comprar seu próprio baralho, que nunca tenha sido usado para outro fim, e que seja consagrado única e exclusivamente para a cartomancia. O primeiro baralho pode ser um baralho comum ou o tarô cigano, conforme vastamente apresentado no Gotach. É interessante notar que este baralho provavelmente se tornará o baralho preferido do cartomante, o que ele tem mais intimidade e que dominará melhor.
Este baralho deve ser guardado num saquinho branco, de pano, e amarrado com uma fita branca, que pode ser de cetim ou de outro material. Este saquinho branco irá reprentar a pureza e injgenuidade do início e das boas intenções de quem está iniciando.
O cartomante iniciante deve ainda, com relação ao próprio objeto físico que é o baralho, adquirir intimidade com ele. Precisa manusear, apreciar cada uma das cartas, ler e reler seus significados, atribuindo-os a cada uma delas. Este saquinho pode mesmo ser colocado debaixo do travesseiro quando o cartomante iniciante for dormir, de modo a aumentar a proximidade e o tempo de permanência do baralho com o cartomante.
Como praticar as jogadas?
No começo o cartomante iniciante deve jogar para si mesmo. É a melhor forma de praticar, sem comprometer outras pessoas com interpretações equivocadas e também evitando de se expor de forma não apropriada.
Deve-se começar com questões bastante simples e de fatos já conhecidos do iniciante. Fazendo questionamentos sobre assuntos dos quais já se sabe a resposta, pode-se ir confirmando e compreendendo a linguagem do baralho.
Muitas pessoas se enganam e desistem por, ao pegar o baralho nas mãos pela primeira vez, ir fazendo perguntas complicadas sobre coisas sobre as quais não faz a menor idéia, e se assustam ao descobrir que não estão entendendo nada do que está saindo, pois as respostas serão tão complexas e misteriosas quanto as perguntas que estão fazendo.
É necessário ter o mínimo de prática antes de partir para a leitura completa. É como alguém que está aprendendo a dirigir e que ao pegar o carro pela primeira vez já vai fazer uma longa viagem. Com certeza não é assim que se começa. Todo motorista iniciante sabe que é necessário começar dando umas voltas no quarteirão antes de ousar caminhos e distâncias maiores.
Daí em diante a complexidade a compreensão do cartomante vai aumentando e respostas mais completas, claras e objetivas podem ser obtidas com mais naturalidade.
Mas o mais interessante depois de uma vida inteira praticando a divinação é perceber que não é mais necessário usar nenhum artifício para ter a percepção ou mesmo a premonição sobre as coisas. Com a prática, o uso do instrumento se torna opcional. Necessário somente para buscar detalhes.
Muitas vezes o cartomante mais velho, com uma vasta experiência, usa o baralho ou outro artifício para a divinação para que o consulente o veja e perceba a mecânica do que está sendo feito, aceitando mais facilmente o que está sendo dito.
Não que o uso do baralho deixe de ser importante, claro que não! Mas é que a capacidade de leitura acaba por ultrapassar o rito em si, tornando-se este um acessório do qual se lança mão apenas por conveniência. Mas isso é assunto para outro artigo, não?
FONTE: http://www.gotach.com.br/